"Uma noite, indo eu a sair de casa, ouvi estas palavras no corredor:
— Cuidado! Cuidado!
Parei. Não era a primeira vez que as ouvia. Vinha da boca de José Dias e dirigiam-se a minha mãe.
O agregado não queria que me deixassem ir ao seminário e andava a dizer-lhe que eu
podia ser um grande homem do século,
um ministro, um general, um poeta — e que a vocação eclesiástica era um engano."
O comportamento de José Dias é analisado de maneira detalhada, revelando suas
intenções manipuladoras. O narrador percebe que ele tenta influenciar sua mãe com elogios exagerados
e argumentos persuasivos. Esse tipo de exame das motivações internas dos personagens é uma
característica fundamental do Realismo.
"A pior palavra é a que fica por dizer. Deixei de dizer uma certa palavra a
Virgília,
que talvez mudasse o destino de nossas almas."
Machado de Assis explora profundamente a psicologia do protagonista, mostrando
um momento de
arrependimento e reflexão. A escolha de não dizer uma palavra importante revela as dúvidas e
conflitos
internos do personagem, que agora reflete sobre o impacto dessa omissão. A análise do psicológico do
personagem é uma característica essencial do Realismo, pois o autor se aprofunda nas motivações e
emoções do personagem, demonstrando que suas ações (ou a falta delas) estão relacionadas a uma
complexa
teia de sentimentos.
"Não direi qual é, porque não me lembro;
mas lembro-me que era a palavra mais fácil, mais breve e mais comum da língua".
A contradição interna do narrador é evidente: ele não se lembra da palavra, mas
lembra que era uma palavra simples, fácil e comum. Isso reflete a irracionalidade humana e a
fragilidade da memória, duas características frequentes nas obras realistas.